quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Hipócrisia

O povo costuma dizer que família nós não podemos escolher...e é bem verdade. Nascemos sem pedir e nem sequer nos deixam escolher as pessoas que vão fazer parte da nossa vida, para todo o sempre.
Durante os últimos 20 anos da minha existência, lido com doenças. A casa está doente e toda a gente, na família, sabe disso. Tenho memórias de choros, da casa cheia de gente, do telefone nunca parar de tocar ao serão... Regressou a casa e tudo parou...tudo foi esquecido e parece ser mais fácil acreditarem que tudo voltou à normalidade, que tudo está bem, que nada mudou, que é tudo muito leve e tudo o que possamos dizer ou queixar é exagero...
20 anos passaram e, infelizmente, a história repetiu-se... Não foi mais ou menos grave. Foi diferente, mas igualmente preocupante. Quiseram mata-lo, deita-lo abaixo, dar connosco em doidas... Não conseguiram! Ele veio para casa (o que não quer dizer que esteja bom) e tudo passou, tudo foi esquecido... acabaram-se os choros fingidos, as preocupações para inglês ver, os ataques de nervos e os telefonemas.
Pedirem-me para não deixar que ele desista de ir às consultas é, no mínimo, ridículo. De repente, lembram-se de laços de sangue e de amizade... E depois? Vão às suas vidinhas e quem fica a "aguentar" tudo somos nós, as únicas a quem ele fará falta quando partir... Mas disso ninguém se lembra.
Família apoia, suporta, pergunta uma única vez, não tem ataques estúpidos, PERGUNTA SE É PRECISO ALGUMA COISA.
Se pudesse ter escolhido, à partida, a família que me iria acolher, de certeza que metade dela não teria sido escolhida.