terça-feira, 12 de julho de 2011

Ode ao amor

Por estes dias, lembranças é algo que corre na minha cabeça como água numa cascata... As brincadeiras, os versos, as pequenas rotinas, os gostos culinários... a sua maneira calma de falar e de reagir perante as situações...
Certo dia, ainda a doença não tinha tomado de assalto aquele corpo e aquela mente, numa mesa de café e perante uma pequena audiência feminina que o idolatravam, ele proferiu a seguinte frase: "Eu namorei com uma moça durante anos. Estávamos noivos. Mas olhem... conheci a vossa avó e larguei logo a outra." Lembro-me de ter ficado chocada com esta revelação! Não o imaginava a largar a vida que já tinha planeada por uma "miúda". Na altura não percebi a verdadeira lição que estavam naquelas palavras... Ele nunca se arrependeu da escolha que fez... Relembrando agora essa conversa percebo que era isso mesmo que ele queria dizer... A conversa era namoros... o que ele quis dizer é que não sabemos o que nos espera, mas podemos sempre tentar ser feliz. Ele foi. Durante 62 bonitos anos! Uma vida cheia de alegrias e tristezas, trabalho, festa! A tristeza de perder 2 filhos ainda bebés nunca o fez desistir da vida... Juntos viveram mais três vezes a felicidade de dar vida. Como o padre dizia ontem, juntos construiram uma árvore que foi dando os seus frutos... Depois dos filhos vieram os netos e, agora, os bisnetos. Conheceu dois. A mais nova tem apenas 14 meses, mas já o adorava, apesar de ele já não ser o avô que os netos conheceram...
Com a doença a dominar todo o seu corpo e sua mente, ele já não dizia aquilo que sentia, já não reconhecia todos os que amava e que o amavam, já fazia aquilo que nunca tinha feito antes... Mas, mesmo assim, ela nunca saiu do lado dele. Às vezes era irritante a forma como ela se punha a jeito de levar uma lambada, "só" porque queria que ele olhasse para as netas e as reconhecesse em vão... 62 anos é uma vida e acho que, se pudessem, passariam outros 62 juntos e felizes...
 A árvore ficou sem uma raíz, mas o céu ganhou uma estrela!

Descanse em paz, avô!**

sábado, 2 de julho de 2011

2 anos

Há dois anos atrás andava com borboletas no estômago... toda contente e sorridente porque as coisas pareciam estar a encaminhar-se...
As borboletas foram embora... o sorriso também... dizem os mais atentos que o olhar ficou triste...
Onde está a minha EU???????????