quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O país das mobilidades especiais

Durante 3 anos da minha adolescência privei de perto com uma pessoa com deficiência motora e, talvez por isso, tenha ficado mais desperta para os problemas que os deficientes (sejam eles motores ou visuais) enfrentam todos os dias, quando têm que se movimentar nas nossas cidades.
Andar nas ruas da nossa cidade com esta minha amiga transformava-se, por vezes, em autênticos pesadelos e convinha não termos que atravessar muitas ruas. Andar de comboio também era uma aventura. Penso que nunca fiz parte dessas aventuras (pelo menos não me recordo). Mas lembro-me de ela contar que uma vez tinha ido à Estação do Oriente de comboio é foi uma "tourada" para conseguir sair do comboio, pois a plataforma está muito mais baixa do que o degrau do comboio.
Infelizmente estas são umas constantes no dia-a-dia de quem tem nas rodas duma cadeira as suas pernas, ou numa bengala os seus olhos. Os passeios não rebaixam nas entradas e saídas das passadeiras, os carros continuam a estacionar nos passeios, os transportes públicos continuam a não estar devidamente equipados para transportar, os elevadores insistem em não funcionar...
É precisamente por causa deste último ponto que estou para aqui a escrever. Existir um elevador funcionável pode fazer a grande diferença entre poder ir ou não poder ir.
Há cerca de 15 dias fui de metro até ao Oriente e na mesma carruagem estava uma senhora com um carrinho de bebé. Quando chegou a hora de subir para o andar de cima havia duas hipóteses: elevador ou escada. O facto do elevador estar avariado facilitou a escolha, no entanto e exceptuando um senhor simpático, ninguém parou dois segundos para ajudar a senhor a carregar o carrinho de bebé para subir aquele lanço enorme de escadas. Se em vez de ser um carrinho de bebé (relativamente leve) fosse uma cadeira de rodas com uma pessoa adulta lá sentada, gostava de ver qual seria a solução dada ao problema. Hoje, voltei a ir de metro até ao Oriente e como ia numa das carruagens mais atrás, deixei a confusão das pessoas apressadas passarem fui ficando para trás. Olhei para o tal elevador e eis a novidade: continua fechado para manutenção. E pelos vistos está assim já há algum tempo, pois o grande aviso colado na porta está cheio de frases simpáticas para com o Metropolitano de Lisboa.
Será que custa assim tanto proporcionar a TODOS os cidadãos uma melhor qualidade de vida nos nossos espaços públicos?